Volta para mim

Foi naquela noite, o meu sonho se tornou realidade. Vi ele lá, parado, na frente da minha casa, na chuva, sentado na sarjeta, me esperando.
Na hora, pensei em virar as costas e sair correndo. Mas por quê? Para quê? Eu sabia a verdade, como todos, eu estava perdidamente apaixonada por ele. Não adiantava evitar, uma hora ou outra teríamos que explicar esse mal entendido.
Fui chegando perto de casa, ele não percebeu, fiz barulho com as chaves, ele me viu, por um momento pareceu assustado. Mas depois abriu AQUELE sorriso, o que me fazia derreter por dentro. Levantou –se e parou na minha frente.
Me segurei para não me jogar nos braços dele. Apertei minha bolsa com força, era ali que estava depositando todo meu amor e ódio por ele. O ódio se foi, mas o amor ficou mais forte do que nunca. Então naquela voz rouca e suave dele, me aconcheguei.
— Oi
— O...oi
— Precisamos conversar
— Está chovendo, eu quero tomar banho, não pode ser outro dia?
O que eu estava fazendo? Eu queria ouvir o que ele ia me dizer por isso completei:
— Tudo bem.
— Eu não vou te falar ‘ foi sem querer’ porque não foi — os olhos dele ficaram suaves, mas agressivos — mas eu posso dizer que depois daquilo, não podia parar de pensar em você, me senti culpado, me arrependi, você não atendia meus telefonemas, na escola me evitava, tentei fazer de tudo para falar com você, cheguei a pensar que você havia desistido de mim, não me amava mais, mas quando vi seu caderno esquecido na escola, tive que pegar, sentir seu cheiro de novo, então li os seus textos, baseados em mim, me senti mal por ter lido, era sua privacidade, mas eu tinha que saber se você me amava... ainda. Descobri que sim, passei noites sonhando com essa conversa. Tomei coragem e vim, não para pedir perdão, mas para você saber... Eu ainda te amo!
Ele se virou para ir embora. Deixei minha bolsa e as chaves caírem no chão, ele voltou me joguei em seus braços e comecei a beijá─lo.
Ficamos assim a noite toda. E o resto? O resto foi... um final feliz para sempre.